A
perda de gordura é um dos objetivos de muitas pessoas que se submetem a um
plano de treino, seja numa box, seja ao ar livre ou até mesmo em suas casas.
O que poucos sabem é de que forma é que os tipos de exercício físico
influenciam essa perda de gordura. Deste modo, resolvi escrever este artigo,
fundamentado cientificamente, para que possas possam saber mais sobre este tema e
utilizar esta informação na sua periodização dos treinos de CrossFit.
Como é que o Organismo Armazena a Gordura?
O
nosso organismo armazena gordura em duas zonas:
·
No tecido adiposo, na forma de
triglicerídeos;
·
Nas fibras musculares, na forma de
triglicerídeos intramusculares.
Armazenamento
de Gordura no Tecido Adiposo
Como
deves saber, as gorduras são armazenadas
no organismo na forma de triglicerídeos, os quais são constituídos por três
moléculas de ácidos gordos unidos a uma molécula de glicerol. Cada triglicerídeo armazena 9 kcal por
unidade de peso e, portanto, mais do que aquela armazenada pelos hidratos
de carbono (4 kcal).
Uma
vez que uma quantidade muito elevada de energia é acumulada numa massa
relativamente pequena de triglicerídeos, estes fornecem uma grande quantidade
de energia para a nossa atividade física. Em contrapartida, se toda essa
energia estivesse armazenada sob a forma de hidratos de carbono (glicogénio), e
atendendo que moléculas de água se ligam ao glicogénio para o tornar
fisiologicamente estável, o total dessa energia acumulada corresponderia a
cerca de 45,3 kg adicionais de massa corporal.
Armazenamento
de Gordura nas Fibras Musculares
Através
de estudos, foi-se sabendo que, em exercícios intensos, os triglicerídeos
intramusculares podem fornecer energia equivalente a um terço da energia total
fornecida pelo glicogénio.
Como é que se Dá a Mobilização e Oxidação das Gorduras
Durante o Exercício?
Mobilização
dos ácidos Gordos Livres do Tecido Adiposo
O exercício físico estimula
uma enzima que dissolve os triglicerídeos em três moléculas de ácidos gordos
livres (AGL) e uma molécula de glicerol. Este processo é denominado
de lipólise. O primeiro fator
provocado pelo exercício que potencia a lipólise é o aumento da concentração
plasmática de epinefrina (adrenalina), a qual ativa os beta-recetores dos
adipócitos (Arner et al., 1990).
Os ácidos gordos libertados
do tecido adiposo, como não se dissolvem em água, precisam de uma proteína, a
albumina, que os transporte pela corrente sanguínea até às células alvo.
Alguns AGL são eventualmente libertados da albumina e ligados a proteínas
intramusculares, a qual, por sua vez, os transporta até às mitocôndrias, onde
serão oxidados (Turcotte et al., 1991).
Em estudos recentes, feitos
com indivíduos submetidos a um treino aeróbio e que jejuaram durante a noite,
verificou-se que quando a intensidade do exercício se eleva de baixa (25% do VO2
máx.) a moderada (65% do VO2 máx.) até alta (85% do VO2
máx.) a mobilização de AGL plasmáticos declina.
Oxidação
dos Triglicerídeos Intramusculares Durante o Exercício
Já
viste que, durante os exercícios de baixa intensidade (25% do VO2
máx.), os AGL plasmáticos são praticamente a única fonte de gordura utilizada
como combustível. No entanto, o total de
gordura oxidada pelo organismo aumenta quando a intensidade se eleva de 25%
para 65%, este facto é atribuído à oxidação de triglicerídeos intramusculares,
o qual fornece praticamente metade das gorduras oxidadas. Estes valores de
oxidação de triglicerídeos intramusculares reduzem-se quando se aumenta a
intensidade para 85% do VO2 máx.
Figura 3: Fontes de gordura oxidada durante um exercício de 25% (andar), 65%
(corrida moderada) e 85% (corrida intensa) da capacidade máxima de captar
oxigénio em pessoa em jejum.
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De
certeza que já ouviste que a intensidade do exercício deve ser baixa para
queimar melhor as gorduras. Porém, observando as figuras 2 e 3, podes verificar
que a quantidade de gordura queimada foi maior a 65% do que a 25% do VO2
máx. A 25% do VO2 máx., praticamente toda a energia gasta durante o
exercício é derivada da gordura, no entanto a oxidação da gordura a 65% do VO2
máx. acresce somente 50% do total de energia gasta. Assim, devido ao fato de o
total de energia gasta ser muito maior (cerca de 2,6 vezes maior) a 65% do VO2
máx., a quantidade de gordura oxidada é maior, isto é, 50% superior (figura
3).
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